12/20/2010

A múmia

apareceu na sala de aula
arame espiralado amarrado no pescoço
turma de moço não perdoa
virou moça branca de giz

recreio dos inocentes

desapareceu na sala de aula
na tela do celular
as 15 mãos desmantelando
o esqueleto do professor de biologia

Short term pass

passe curto
enlameado
de bico no gomo errado
frango taca na rede

corte de viga
assombro no meia lua
canela de vidro
espatifa no verdinho

penalidades
máximas

12/06/2010

LONDRES 1

Becos de luz e batatas
15 mil línguas estranhas
cervejas nos muros das casas
estranhos ninhos de chá
árvores emaranham a névoa
e um frio de cortar 3 orelhas
tijolos de carne recortam
a noite que chega mais cedo
brinco c'copo no dedo
a noite festeja mais cedo.

11/23/2010

arte e hipnose

a verdadeira arte é aquela que te imbeciliza a ponto de você não saber mais quem é.

dança torta

quando danço contigo
no meio do salão
te dou tapa na cara
um baita de um sabão

bêbado e tarado
agarro de um pé de valsa
tres pra cá e dois pra lá
num passo descompassado

mais dois tapas na tua cara
e tuas lágrimas
goteiras no chão encerado
quando danço contigo

horror estampado
no veludo da cortina
limpo a mão ensanguentada
enquanto a outra te bolina.

10/16/2010

faz tempo que não escrevo
muito acerto no erro
umas cervejas se foram
os copos quebrados ficaram no vento.

faz tempo que não apareço
um terço rezado do avesso
sem muito pra dizer
desconheço o que de certo
poderia trazer, de início.

enfim, um adeus sem aceno
fica pra próxima então
quem sabe na invernação
reapareço na encenação.

9/25/2010

Petrus

meu amigo Pedro
não gosta de ninguém
fala de vários assuntos
como ninguém

é um grande hedonista
passa a vida a flanar
mas jamais perde de vista
os bits que vagueiam pelo ar

lido e educado, de berço lusitano
carrega no coração peludo
um atento apelo paulistano

vai Pedro, não desista do fumo
que a vida nada mais nos dá
que murro bruto sem prumo.

9/23/2010

9/18/2010

he's dead!




















The guy I stabbed long time ago is dead now. Maybe I'm the one who started the process of living evasion. Who knows what are the intentions of 6 knife holes in your body skin after 16 years or so. He killed himself, he has lost faith in something we are struggling to not loose - life as it most inner meaning. Hope you've found some band aids dude!

kill me now...

kill me...

pé por pé

pé dois
14 km de terra
pássaro preto na cola
dois postes de luz
nuvens de lua

a serenata já vai começar.

9/13/2010

continuação...

talvez Robert Oppenheimer pudesse.

Bustos de escritores somem do largo do Arouche, em São Paulo


Ao ler a reportagem encabeçada pela manchete acima comecei a lembrar de quando morava no centro de São Paulo. Resumidamente, uma bosta! Tenho amigos que vão discordar, conheço pessoas que defendem a região e que vivem lá, respeito suas opiniões, mas não concordo com aquilo. A região da república morreu, e já está em estado de putrefação a pelo menos quatro anos. A praça foi reformada durante uns dois anos entre 2004 e 2006 e, ao ser reinaugurada por uma gestão filhadaputa, pra variar, não tinha um banco sequer para as pessoas sentarem. O lago é uma piscina de merda, cimentado por baixo e sem vida, serve até hoje de piscina de nóias, moleques de rua e mendigos. As pontes da praça servem de escora de traficantes e michês. Passar ali com seu filho é uma experiência maravilhosa! Retiraram as grades que cercavam a praça, isso é bom. Entretanto os gramados são campings improvisados daqueles mesmos que utilizam a “piscina”. Não bastasse, em 2007 o metrô iniciou suas obras e assinou o atestado de óbito. Somos o país do futuro. Eu morava ali, perto da Ipiranga com a avenida São João, no edifício Metro, em frente ao antigo cine Metro que hoje é a sede de uma igreja evangélica asquerosa, poluente e que atrai um monte de pobres idiotas que adoram enriquecer pastores gestores com vários MBAs nas costas. O Bar Brahma fica ali ao lado, passou a ser uma atração turística no meio do caos, e para sobreviver comeu 80% da calçada, cercou-se de seguranças e cobra couvert de granfino para os shows de museu de cera que repete a cada semana. As calçadas foram tomadas por nóias, a nova fase da cracolândia é a região da república. Uma multidão de mortos vivos, zumbis, anomalias, anões, crianças feias, monstros, coisas, cruzcredos se arrastando pela rua e procurando no meio fio guimbas, latinhas, qualquer coisa que dê pra fumar. Já vi uns nóias tão loucos que estavam fumando uns cocozinhos de cachorro que pareciam guimbas de cigarrilhas. Bizarro e previsível. Somos o país da copa. Entre a praça da República e o Largo do Arouche há uma avenida curta, chamada Vieira de Carvalho (viera de caralho), que de dia chega a parecer uma avenida normal mas que, a noite, se transforma numa mini babel repleta de veados, sapatões, lésbicas, bichas, transformistas, travestis, baianos, pobres, adolescentes que não apanharam na hora certa, emos, nóias, putas, michês, cafetões, taxistas e vendedores de artefatos de durepox. A rua é dominada e fica difícil passar por ali de carro ou de moto. O largo do Arouche, é o puro abandono: no lugar da grama o terrão, no lugar dos bancos a depredação, os bustos dos escritores desaparecerem pra virar crack e pó, lugar bacana pra passear com a namorada que veio do interior! E no meio daquilo tudo, uma cabine da polícia militar, que serve para dar legitimidade a situação, que serve para nos dizer que é isso mesmo que temos que viver quando decidimos morar no centro de São Paulo. A polícia está ali para apoiar as minorias, para apoiar e ajudar os traficantes e os nóias, para comer as putas sem pagar, para tirar um extra dos cafetões e dos flanelinhas e para proteger a degeneração generalizada de uma região que já foi muito legal. E quando me falam da revitalização do centro não consigo expressar o que é mais me desloca do eixo, se a ânsia de vômito que me sobe a goela ou a memória sensitiva de todo aquele lugar. Aquela região morreu, faz tempo e não há solução tranquila para o que acontece ali. Portanto, retirar-se, mudar de cidade, não passar ali nunca mais é minha sugestão. Hitler, Stalin, Fidel Castro, Ho Chi Minh e Mao Tsé-Tung juntos não dariam um jeito naquilo.

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This secret weapon will give more power to you little soldier.

We hope this information will help you make the right choice.

Realize all your dreams with our help for a short time.

No girls laugh at me now ha-ha. I laugh at them.

For fun seekers only.

Your problems could delay future missions.

There is no big reason for you to be a small-sized loser.

I had to tell someone.

Say goodbye to love failures and loneliness.

What to look for when buying a replika watch.

You have nothing to lose just everything 2 gain.

You deserve not to be ignored by women.

Best possible alternative for dangerous surgery.

9/07/2010

feriado

morungaba amparo
serra negra meu amor
disneylandia dos robôs
teleférico boliche

estrada sinuosa
chuva de terra e fogo
cerveja e cama quebrada
entrelaçados sorrimos

9/03/2010

N.A.D.A

Quer fazer algo pelas pessoas? Não faça nada!
É só decepção, é só incompetência, é só um bando de imbecis querendo comer arroz com feijão e bife duro. Um bando de macacos.
Quer fazer algo? Não faça nada. Não saia de casa, não atenda o telefone.

9/02/2010

boludo

troquei minhas bolas
o médico disse
que ao me sentar
teria que erguê-las

ergui-as no trabalho,
na escola, no carro
até na hora do banho
fizeram um mini lifting

só tive sossego quando você
delicadamente
as envolveu nos teus lábios macios.

8/25/2010

rapidinha

levei minha amiga na sua última leitura de poesia,
disse ela.
sim, e daí? perguntei.
ela é jovem e bonita, disse.
e? perguntei.
ela te
odiou.

então ela se recostou no sofá
e tirou as
botas.

minhas pernas não são tão boas,
ela disse.

tá bom, pensei, minha poesia não é tão
boa; as pernas dela não são tão
boas.

empatados.


Charles Bukowski, in Mocking bird wish me luck.
Tradução de Kevin Kraus.

transpiração 1













chegam em casa, não entendem. não há mais nada além da vegetação cobrindo o corpo. verde claro, médio e escuro. verde oliva e verde guerra. verde roxo azulado. verdi. veredas. vermout.

Impressões (pobreza)

A pobreza não particulariza configurações. Pobre na capital, pobre no interior e litoral. Celular de twiter, boné bermuda, cascão emo cabelo mano, mix ambulante de marcas. Chupa cabra moderno alimentado a isopor e raiva, vaga a mente pelas ruas da cidade. O paralelepípedo na frente de casa identifica que estou em Valinhos.

Impressões (taras)

Nesta nova cidade, sempre que observo as pessoas no comércio, trânsitos, cartórios, lanchonetes, tenho a impressão que aparentemente são despidas de sexo e tesão e que, lá pelo poço, são profundamente depravadas. Casais beirando outros casais por todos os lados. Moças poliéster arrastando cláusulas pensando no próximo churrasco de pênis. A leitura, particular e completamente sujeita a enganos, evolui até os minúsculos sacolejos de ombros, para as viradas de cabeça, risadas código. E que leite tirar dessa teta? Comprar uma rede cearense, deitar o esqueleto e animar-se nalgum enredo menos prosaico.

Impressões (reconhecimento)

Logo que cheguei na cidade percebi a diferença nos olhares. Na grande cidade, previsíveis e diretos, aqui furtivos, estrábicos, tímido-falsos, carregados de nebulosa malícia. As pessoas cofres que aparentam inocente felicidade e calma, revelam-se em calculadas esguelhas que, para o leitor de manchetes, desfilam imperceptíveis. E o que mora lá dentro daqueles olhos? Quem vive lá? Nesta cidade ainda mistério preciso saber de quem se trata. Conhecer os avisos de pálpebras para desviar de futuras cegueiras, de tombos bananas e de pisadas na merda. Tarefa diária é decodificar as agruras de um meio tão turvo construído em céu límpido e aparente cristalino.

becedário

bar

Remédio de copo
Dor de estar
Fígado suicídio
Prazer amarrado


boxe

Esquiva de olho
Três contras
Peso coitado
Murro sentava


bisca

Luzia tingido
Físico galo
Pele inegável
Nota falsa


bamba

Pinga sonora
Lata de sono
Tampa cacete
Morro de céu  

reloaded - recarregado

olá impossíveis leitores, olá invisíveis leitores. retomo este armário desde outro porto. do concreto ao paralelepípedo. tão longe tão perto da metrópole. tão triste quanto antes, mas com tristeza lavada, com cheiro de manjericão. leiam e por favor, não me encham o saco.

6/17/2010

bate girl é só maravilha!

Quer tomar um chimarrão comigo?

CLÍNICAS-PARAÍSO


clínicas. ao meu redor emergiam todas as clínicas do mundo. ruído surdo de motores. passos apressados misturados com a chuva fina. prédios em coma. cemitério curvado mudo de concreto sobre mortos. cores apagadas. tudo branco e preto. tudo cinza, um filme antigo rodando nas minhas frágeis pupilas. avenida de braços mortais, braços de flores, soluços e morfina. bancas floridas no meio do ensurdecedor braço de motores e luzes entre as clínicas. flores de enterrar. rosas que acariciavam roupas mortas. espinhos moribundos. gerânios abraçariam seios frios. orquídeas defuntas. trinta mil violetas e nenhuma lágrima.
andei por aquelas bancas. colhi todas as cores nas mãos. pétalas tonalizavam meus bolsos enquanto a chuva fina fazia chorar centenas de túmulos. enchi os bolsos. desci a escada que dava pro iluminado túnel retalhando meu corpo magro. a silenciosa estação abrigava poucas pessoas. a maioria delas mortas. algumas escaparam dos túmulos e liam as propagandas frágeis do inverno. das poucas pessoas vivas, uma interessante. bela. o rosto parecia desprender-se por todo corpo como se modigliani tivesse dado vida àquilo. roupas perfumadas e botas úmidas. cabelos em cana. olhos fartos de vazio, pingos.
enquanto o trem não vinha, ouvíamos música. a luz confusa da estação misturava música com batimentos cardíacos em emergente descontrole. aqueles olhos, como persianas antigas e corroídas, procuravam explicar algo à sua dona. talvez quisessem mostrar a faixa amarela, tonta, imóvel ali no chão. ou apenas pairar na estação e tomar lugar dos insetos barrados lá na escada. a música fazia meus cotovelos sentirem-se parte do corpo. assim, sade deitava-se nos ouvidos. formigavam meus ombros e tinha saudade da chuva fina e mal querida. um só olhar. as persianas rangiam, estalavam soltando a tinta gasta, crua. aqueles olhos demasiados. a música foi dando espaço pro ruído. súbito. muitos decibéis espalhavam o perfume pela estação. entramos no carinhoso trem.
um só olhar bastara. perfeitamente suspenso, aquele instante justificava-se e assim tornara-se findo. todos os corações deixados nas clínicas perseguiam agora o imenso trem. entravam nos meus bolsos e nas perfumadas pétalas se aninhavam. contentes. aquecidos. pulsando debaixo da terra em alta velocidade. sentada, lia algo com desinteresse fatal pelos vivos. permaneci fixo em seus prendedores de cabelo. estes sumiram e deram lugar a dois reflexos azuis. lá neles, via apenas um homem. bolsos exalando perfumes. e o intenso azul desapareceu tão veloz quanto o trem que carregava o homem, as pétalas, a mulher e todos os corações fugitivos.
pousei minhas mãos nos bolsos. procurei. encontrei a pétala vermelha manchada por todos aqueles que me perseguiam. os cabelos, agora soltos, viravam as páginas e por cima deles vi voar uma pétala que tocou no algo lido e interrompeu todo o desinteresse e devolveu todas as cores ao filme que assistia. um sorriso ingênuo e perturbado correu, penetrou pela face. os olhos baixos buscando alguma palavra. o trem parava. andei até a porta. estátua pensativa sentada no metrô. o trem partia. um dedo pousava no lábio inferior enquanto todas as violetas contidas numa lágrima azul despencavam sobre a pétala. um só olhar. era o fim da linha. os bolsos leves. olhei pros trilhos. muitos corações tinham se atirado. paraíso.

6/10/2010

Sofia e Jane

O Concerto do Silêncio

O silêncio, o vazio e a fragmentação são questões presentes no conto “O concerto de João Gilberto no Rio de janeiro” de Sérgio Sant´anna. Determinar como essas questões suportam o modo de estruturação do texto e sua temática é o objetivo deste curto ensaio.

Um concerto que não houve, uma gaiola vazia e um corte cinematográfico para uma cena qualquer. Partes que se mesclam no conto “O concerto de João Gilberto no Rio de janeiro”, de Sérgio Sant´anna, e que se fundem para utilizar o silêncio como ruído ensurdecedor, o vazio como materialização do que pode existir e o fragmento como um elemento de conexão rápida entre o leitor e o texto.
O autor traz à tona uma história sobre um concerto que não existiu. Isso poderia parecer uma história banal se não fosse pelo artista escolhido – João Gilberto – que utiliza e se faz conhecer pela exatidão do som. O não acontecer do concerto já é um acontecimento. É o próprio concerto – da maneira mais atraente para o artista João Gilberto, reconhecido por sua adoração pela ausência do som. Podemos pensar que a ausência do concerto reflete toda uma discussão a respeito de seu cancelamento – isso faz com que se tenha a mesma sensação daquela do show realizado. Falou-se a respeito, a existência-ausência do show foi diluída no discutir-se o concerto.
A questão do silêncio é de modo sutil associada ao vazio. A gaiola com um pássaro invisível chamado de o “pássaro da perfeição”, as referências a grandes espaços vazios como aeroportos do Rio e Nova York, ao Canecão vazio durante os ensaios e à não realização do concerto. Outra referência que amalgama o silêncio e o vazio é o quadro de Hopper, pintor que tematizou essas duas questões em praticamente toda sua produção artística. É nessa junção entre vazio e silêncio que entra bob Wilson, com seu espetáculo silencioso, que ficam as ressacas do protagonista e que permanecem as dúvidas de como escrever o texto que está sendo escrito.
Porém a narrativa de Sérgio Sant´anna só se justifica ao utilizar a fragmentação como elemento contrário à sua própria designação. Se o que fragmentamos se torna partes do todo fragmentado, no texto é um elemento aglutinador do vazio e do silêncio. “O ruído total equivale ao silêncio total”. As várias vezes que o concerto de João Gilberto foi citado no texto servem para construir o concerto silencioso. A fragmentação dos temas e suas referências constroem um cenário narrativo que evolui para uma grande materialização do vazio (as pessoas, os espaços, e as obras) e do silêncio.
O conto é uma discussão que envolve esses três elementos expostos para que percebamos a narrativa contemporânea dentro de sua própria temática – fragmentada e muitas vezes silenciosa (em relação à perda do referencial a que estávamos tanto acostumados no modernismo e em épocas anteriores). O concerto que não existiu não significa sua não existência, pois ao mencionar que haverá um concerto sua imagem é construída.


Por Kevin Kraus.

6/09/2010

walt in candem

Depois de soprar muito cu de gato, é assim que eu quero ficar.

acabou a ração

a geladeira tá vazia e o armário também e a panela fria olha pro guardanapo pendurado no canto do fogão que não tem gás e meu pau tá duro e nem um mamão maduro pra me satisfazer.

tudos

nadas

6/06/2010

THE WARNING by Robert Creeley

for love - I would
split open your head and put
a candle in
behind the eye


love is dead in us
if we forget
the virtues of an amulet
and quick surprise.


O aviso


por amor - eu arrancaria
sua cabeça e poria
uma vela
atrás dos olhos


o amor morre em nós
se esquecermos
das virtudes de um amuleto
e da surpresa rápida.

trad. Kevin Kraus
a arte morreu, assim como as pessoas e as coisas que elas inventaram.

with the man




















após séria bebedeira, ao sair do boteco, encontrei o velho poeta americano soprando o cu de um gato cinza. os olhos do velho inflavam junto a suas bochechas e cada vez que soprava seus pés de galinha iam formando pequenas bacias pluviais nas laterais oculares. eu tinha bebido o suficiente pra achar que aquilo fosse uma alucinação, mas ao me aproximar do velho senti o cheiro característico e a barba gigante tocou minha fronte. paralizado, observando as vigorosas baforadas no cu do felino, puxei o velho de lado e questionei o gesto. todo poeta gosta de dizer que é poeta, são travestis narcisistas. eu sopro o cu do gato, e cada miada é uma palavra a menos na boca desses egocêntricos do caralho. eu faço desaparecer as plavras no cu dos gatos e assim a nossa língua fica protegida. disse aquilo e me olhou com seus pelos do nariz enfiados no lábio superior. só pude concordar com o velho bardo e segui meu caminho. foi assim que conheci walt.

6/03/2010

o dono!




















tem gente que lambe sorvete, que lambe a mãe,  que lambe a bunda do chefe, tem meninas que lambem pau, tem meninos que lambem o dedinho depois de enfiar no nariz, tem gente que lambe o pé, uns lambem os outros, e gatos se lambem mais do que todos os seres que lambem, tem gente que faz lambe lambe e outros que lambem vaca, e vacas que lambem o cabelo de alguns.

eu gosto de lamber privadas!

evitar gases?

eu recomendo...


perguntas para a seleção brasileira de futebol

Vocês dançam kuduro?

kuduro causa dor de cabeça?

dá pra nascer com o kuduro no pé?

5/28/2010

paz

as janelas fechadas, 
persianas baixas sem nesgas de luz,
luzes em sono, 
casa em descongelamento, 
portas trancadas, nada no fogo,
cama vazia, armários em
silêncio, nenhuma energia
transitando, tomadas tapadas,
nenhum aparelho a vista,
tudo em completo imóvel estado;
meus olhos procurando você!

nos flancos do buraco

e lá estavam aqueles buracos no asfalto
torrentes de papeis
sonolentas pisadas na marcha
da motocicleta
um monte de fardas, e punhos e gritos
de dez, de cinco, pó de...
e uma aranha de eletricidade me comia
e shorts ofuscavam os sacos carregados,
bares, guerras tambores Vesúvios
carne salgada cheirando a lua
a cor inútil na lua
lâmpadas que nem tinham ciúme,
rolavam cilindros de sangue,
ameixas de dez a um,
sorte por
não
acabar
entrando num banheiro de asfixia.

tínhamos segredos indecifráveis!

Boxe

queria um texto surdo
um texto muro
duro como ferro de murro
tenso
meio de lado
no meio de um cruzado

queria um texto mudo
um texto tronco
dorso voltado pro norte
denso
meio vazio
um grande virado

queria um texto cego
um texto monstro
testa de pedra
lento
meio esquivo
direto no meio da cara

5/20/2010

O Monstro

estava na cama
era escuro
um silêncio maduro me fez despertar
num susto demente
abri meus olhos
e vi um outro eu no espelho

era um monstro
um ser asqueroso
então o olhar se tornou um mistério -
era eu meu amigo,
ou não era mais meu inimigo?

5/11/2010

thundercats














éramos imbatíveis...

sombra

não quero saber do que não pode dar certo
só quero saber daquilo que vir
a ser um abraço aberto
quero mais meu corpo de perto
quero uma parte do céu que se parte no eterno

e viver só um instante de inverno.

4/22/2010

esses nunca me abandonam...

Dialogue - 2 dollmakers by Gregory Corso

Let´s not use eyes anymore.
Folly!
Let´s use cans instead.
Say next no mouth!
No mouth; why not?
Fool! Fool!
Let´s use a piece of hose.
And what about the nose?
A chair is better.
A chair for the nose!?
Or two chairs for the ears.
Fool! Fool! Fool!
And the legs, the arms, why not suitcases?
Suitcases?
Yes, and for the body, why not a staircase?
Fool! Fool! Fool!
Good God! And for the hair we could use a sink!
Hmmmm, and for the dress we could use a meat truck.
Right!
Sure, and for the hat we could use a wall.
Right! Right! O Alberto, I love you!
And for the fingernails we could use racetracks.
Yes, and for the toenails, why not mattresses?
And the eyebrows, we could use blockbusters.
Ah, Alberto, and the stockings, what about the stockings?
What about them? There´s always abandoned farms to use.


Diálogo - 2 bonequeiros de Gregory Corso

Não vamos mais usar olhos.
Idiota!
Vamos usar latas no lugar.
Agora diz: sem boca!
Sem boca; porque não?
Idiota! Idiota!
Vamos usar um pedaço de mangueira.
E o nariz?
Uma cadeira é melhor!
Uma cadeira pro nariz!?
Ou duas cadeiras pras orelhas.
Idiota! Idiota! Idiota!
E as pernas, os braços, porque não malas?
Malas?
É, e pro corpo, porque não uma escadaria?
Idiota! Idiota! Idiota!
Bom Deus! E pro cabelo a gente poderia usar uma pia!
Hmmmm, e pro vestido, a gente podia usar um caminhão de carne.
Isso!
Claro, e pro chapéu a gente usa um muro.
Isso! Isso! Eh, Alberto, eu te amo!
E pras unhas a gente pode usar pistas de corridas.
É, e pras unhas dos pés, porque não colchões?
E as sobrancelhas, a gente pode usar bestsellers.
Ah, Alberto, e as meias-calça, o que fazemos com as meias-calça?
O que têm elas? Sempre há fazendas abandonadas pra se usar.

tradução de Kevin Kraus.

cidade
















daqui a visão é essa! um emaranhado de janelas cheias de pessoas que não quero conhecer. Um sufocamento planejado e caro. é deste pequeno espaço que vislumbro um dia te deixar, cidade natal. é daqui que faço meus planos de abandono e de esquecimento. lá na rua muitos ainda acreditam que isto existe, que ela é real. pobres. pobres demais para perceber que já acabou faz muito tempo.

4/15/2010

sapatos

quando se é jovem
um par de
sapatos
de salto alto
ali
sozinhos
no armário
podem esquentar teus
ossos;
quando se é velho
é apenas
um par de sapatos
sem
ninguém
neles
e nada
mais.

Charles Bukowski
Tradução de Kevin Kraus.

sorte

o que não está bem nisto
tudo
é ver as pessoas
tomando café e
esperando. eu
inundaria todos
de sorte. eles precisam disso
mais do que eu.

me sento nos cafés
e os vejo
esperando. suponho
que não há muito
mais o que fazer. as
moscas sobem
e descem as janelas
e nós bebemos nossos
cafés e fingimos
não olhar uns
pros outros. eu
espero junto deles.
entre o movi-
mento das moscas
as pessoas passam.


Charles Bukowski
Tradução de Kevin Kraus.

DETESTARTE

 Esta é uma série de notas que ignoram qualquer modéstia a respeito da arte.

1. A modéstia é a ruína da arte.

4/13/2010

Sendo Pago

O pequeno pianista ao
piano do bar é

pago pra sorrir o tempo
todo que toca e

a reluzente puta
no vestido Dior é

paga pra gostar quando
tem que deitar com o

porco gordo e ele foi
pago pra vender

seus parceiros nesses
negócios famosos e eu

o que ganho quem paga
o poeta pelo poema?

tradução: kevinkraus

getting paid: The little man at the / piano in the bar gets // paid to smile all the / time he is playing and // the glistening blonde / in the Dior dress gets // paid to like it when / she has to sleep with // fat & ugly and he got / paid for selling out // his partners in thouse / famous deals & I what // do I get who’ll pay / the poet for a poem?

James Laughlin

O velho Dostô

Sempre que sua vida estiver uma merda, leia Dostô! Ele vai te mostrar que, nada, absolutamente nada do que você considera problema, se compara a viver na Russia no séc. XIX. E não é só por isso, mas pelo texto, pelo murro na cara verbal que você merece, ao achar que é um coitadinho, que sofre, que tem uma vida miserável, que ninguém te entende. Leia o cara, ou vá se foder.

lamento

nobody reads my blog

4/06/2010

trava língua
          da lua e
            do sono
               de língua
        de sonho
do trovador

olhos e boca fascinantes
de um bem querer tão distante
sofro por te ver sofrida
meus sonhos que não têm vida
amar é estar doente
sofrer é sempre presente
querer é não poder mais fugir
teus olhos indicam onde não ir.

lomba

a lomba depois de briga é forte.
a lomba cresce durante o dia e atinge o pico na hora do almoço,
quando a fome e a dor no corpo, de mãos dadas,
tornam a vida insuportável;
é nesse momento que se deve vomitar

3/31/2010

Feriado

quem sabe na próxima páscoa
encontre um ovo maduro
e dele saia um coelho
de walkman e óculos escuro
“Só há um luxo verdadeiro: o das relações humanas.”


Mario de Andrade
“My face never show what is no real”


Anthony Kids
“O amor é alguma coisa pendurada atrás da porta do banheiro e cheirando a detergente.”


Ernest Hemingway
“Não voe. Não salte. Ande como se estivesse sozinho na rua. E não se preocupe com os olhares. São inofensivos.”
Ah!


As libélulas

Ih!

um nabo

(Klara Schenkel)

Religião e Igreja

religião é para todos

igreja é para alguns

religião está na cabeça

igreja está no bolso

religião é meditação e pensamento

igreja é oração e aborrecimento

religião é cristalina

igreja é escura demais

religião é abstrato, não palpável

igreja é concreto, fruto das mão do homem



igreja vai para o diabo

religião vai para deus, qualquer

que seja o seu deus.

O Homem

ele levanta. olha os dentes. engole. pisa. escarra. paga. bate o cartão. parafusa. parafusa. parafusa. mastiga. parafusa. parafusa. parafusa. pisa. escarra. paga. engole. olha os dentes. ele deita.

3/25/2010

é tão dificil achar a url desta merda
noite simpática
esgoto
a quota hepática
brutalizado e glutão, alimentando-se de gordura, massa, carne, ovos, acabou com o coração tão ensebado e cheio de colesterol que o amor quando ali chegava, não se mantinha: escorregava e derramava-se pelo chão.
adeus homem
cuidado com as abelhas
com as nuvens, com o vento
eles podem te comer pra sempre
te amarrar ao tempo

adeus homem
alegre-te de fugir da gente
da turba reluzente
dos altares e do fogo
vai-te embora bêbedo
e não olhe pra trás não
aqui só ficou um monte de braços,
de pernas e cabaços

adeus homem
morre livre daqui
"pessoas baratas são insetos"
Gabriel
as vezes
o amor
parece
um sabonete

abandonado

as asas

Se pudéssemos voar nos irritaríamos muito mais. Se pudéssemos voar seríamos moscas, não pássaros. O céu, mais do que já é poluido, estraia cheio de pessoas feias voando. Se pudéssemos voar.
Pessoas terríveis no céu. Os pássaros assustados. O ridículo cria asas - o homem voa. E mesmo voando o homem continuaria seu desfile imbecil pelo ar.
Mulheres gordas, cheias de merda no intestino voando, com suas roupas de elástico. Homens nojentos e sem jeito nenhum para o vôo.

3/24/2010




















“A queda de um grande homem está sempre em proporção da altura a que chegou”


“As mulheres que voltam atrás nas suas loucuras, voltam atrás em seu amor”

Balzac

recorte e cole

tarde de frio
um louco vigia 
o terreno baldio

















"Eu digo a mulher que seu rosto é uma grande experiência para mim e que suas mãos são a minha alma - qualquer coisa para ela abaixar a calcinha."
Charles Bukowski
criança come cocô
enfia o dedo na tomada
criança faz cagada
noite de natal:
o aniversariante
na cruz

(au-au - Alexandre Caroli)
convento em ruínas
cogumelos
no pátio da capela
me coloque no céu
das tuas pernas
me coloque no meio
da tua boca

(Língua Chula)

sabedoria materna

“Quando se é jovem, quase não há limites. Aí é que mora o perigo”
Monica Ruiz

“Andar de moto não é o mesmo que andar de carro”
Monica Ruiz

“Tem uns que são mais abertinhos e outros que são mais fechadinhos”
Monica Ruiz sobre os olhos orientais.

“Quando algo bom acontece, você bebe para comemorar. Quando algo ruim acontece, você bebe para esquecer. Quando nada acontece, você bebe para que aconteça alguma coisa.”
Charles Bukowski

3/23/2010

O que é:

sou a reunião de material velho e jogado no fundo da gaveta. sou uma parcela esquecida da 15 a vinte poucos anos atrás. sou um monte de pedras, de canetas sem tinta, de chicletes grudados na orelha, de alfinetes, de tampas de garrafa amassadas, de bolinhas de papel. sou um fim de tarde. sou um terço não rezado. sou a garrafa vazia. sou uma coisa que já foi e não sabe porque insistem em trazer de volta. sou uma alma penada cheia de vazamentos de óleo queimado. sou um monte de lixo fedendo a esgoto, rato podre, buceta de bacalhau, cu rasgado com porra velha. sou um dente quebrado. sou o martelo que quebrou o dente. sou uma morte de muitas páginas. sou um desastre. sou um horizonte de cadeia. sou uma reunião de materia velha e jogada no fundo da gaveta.

Academia Sucuri

Em breve lançamento na Avenida Vieira de Carvalho

Modalidades

  • Supino Vertical
  • Agachamento em supino
Prof. JIBOY

  • Capoeira com mestre TRIPÉ
  • Stripdance e Paudance com prof. BIBOY
Cursos de difusão cultural

  • Boneco de vara
  • Oralidade bocal
  • Manipulação de microfone
AGUARDEM! BREVE LANÇAMENTO!