10/22/2013

não poder cagar é morrer

tocaia

toque
uma
aia
per favore!
perfume azedo no cotoco
pescoço de limão
santo do pau oco no sertão

tarde

talvez
amanhã
hoje
não
outono das minhas retinas
as flores que se foram, folhas amarelam
chuva fria nubla os dias
a cidade fica nua em intervalos
episódios curtos nas janelas
o som das vestes negras pelas ruas
minha cidade se veste de adeus
a longa escuridão da cortina que se fecha

10/07/2013

quem goza acalma
cama e alma lavadas
paira no ar o corpo
um porto sem mar
Um dia eu fui lá no Rio. Tinha árvores e gente e um monte de deformações geográficas. Ouvi um samba num lugar chamado buraco quente e conversei com dois cobradores de ônibus sobre questões universais. Assisti a um jogo na geral com dois amigos de Niterói. Um dia eu fui visitar a praia e não havia lugar pra sentar. O mar estava frio e quando sai da água a pele grudava. Não subi o morro pra fazer amizades e nem me apaixonei, mas um dia eu fui até a barra num ônibus cheio de pretos. Não sabia o que fazer naquele lugar então voltei para estar no Rio novamente. Roubaram meu chapéu numa mesa de bar e desloquei o maxilar pulando do palco numa poltrona de cinema. Um dia fui embora do Rio e ficaram por lá muitos ossos por roer.

10/06/2013

este meio enreda em enleios amenos e esquizofrênicos entre aranhas estranhas entro entresujeitado ao exato eterno escavo escapulários escalopes entrecortados e extremos estréio entrando em ensinamentos

somente um zumbido jazz
nessa rima sem ruído
o som de um pernilongo
perfurado

perverso
a palavra estranha
verso por
fazer

perverto
outra ideia sonsa
verto por
prazer

percorro
o verso todo
perverso
pervertido