1/24/2012

The Fighting Temeraire tugged to her last Berth to be broken up, 1838


Os quadros de William Turner são uma espécie de portal para outra dimensão. O céu, sempre cheio de um sol que pequeno, num canto do quadro, se expande e domina nossos desejos de voo, um abraço de precipício no expectador, que sincero ou medíocre, sempre procura. As tempestades e a calmaria, amálgama da realização pictórica de uma grade de sonhos, recorrentes, ideias de pluralidade e caos. Imagens que nos entregam um desespero gigantesco e que ao mesmo tempo são generosas ao nos presentear as tonalidades e mesclas das cores, degradês, formações densas de um céu praticamente rochoso e leve. Turner é o pintor que nos estapeia com chumaços luminosos de tinta e nos rasga ao meio com as ondas geladas dos mares do norte.

O quadro acima, é acima de tudo um poente. Nele está o fim. Fim de uma era representada pelo galeão apagado, opaco, rebocado pelo potente vapor. Seu deslocamento na direção do poente, a sombra que se confunde com a sombra do fim do dia, as velas presas e amarradas pela última vez. O indicativo de seu desmanche no fogo que sai da chaminé do pequeno rebocador. É o fim, mas é um fim de ouro, iluminado, o metal precioso agora é reflexo nas nuvens e no mar.

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