9/17/2013

Seis da tarde, o som da nuvem de pernilongos angustia o fim do dia, os pássaros ainda insistem nos últimos pios diurnos, as nuvens se aproximam anunciando o primeiro derramar das chuvas. Um silêncio humano toma conta da minha casa enquanto minha mãe dorme em seus ossos. Bem lá ao longe é possível ouvir o retumbe de algum churrasco de gente invisível. Os pernilongos invadiram minha casa porque tudo envolta foi destruído, o igarapé, o brejo, o lago e a mata meio corpo de altura que ficava na frente da casa. Tudo foi murado e feito a imagem e semelhança dos novos donos e o silêncio composto de sapos e grilos antigos é agora um sinal da paranóia, os pernilongos em agulha sinfônica. Agora o que resta é morrer junto deste lugar pra que de alguma forma uma memória distante também seja elaborada em pó e esquecimento.

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