1/03/2014

a noite é geral
somando artérias e distritos
a festa nunca termina nas marginais
somos os gatos necessários
dispensados dos glossários
nossa poesia está na rotineira luta
perdidos e sujos e mal amados
os garçons de fel e de labuta
e carregamos os ossos dos
esquecidos
enquanto difamamos uma trégua
já estamos vencidos
na ansia de sonhar
o veneno uniforme da polícia
atrás das viseiras, a mirar
nas latas de lixo e nas vielas
nos becos mais sujos e nas gamelas
no escuro dos terreiros
mais atrás dos galinheiros
estamos todos unidos num só grito
que adrenalina alguma dá por infinito
agora e ontem nunca somos nada
escorraçados e cuspidos, os invisíveis
seres que habitam tua calçada
uma massa disforme já vencida
louca pra passar só mais um dia
sem ser vista nem cobrada
os vagabundos e vândalos reais
que sustentam desde os tempos ancestrais
a classe cômica que nos dita
econômica e maldita.


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