1/31/2014

nem que seja
pra escrever mais esta linha
somente me resta
a página em branco
e um resto de tinta
as vozes estão já bem distantes
são sonhos vazios
meros instantes
meu chão é movediço
lembra um tapete velho
sobre ele deslizo
todos meus receios
as rejeições colecionadas
em potes de geléia
nem água nem uréia nem a mais tenra
ideia
custa mastigar o desencanto de cada dia
pobre daqueles que sonham
que acreditam ter alguma chance
nesta vida de ópio e disputas
cheia de gente naturalmente distante
escrever ainda me salva da morte
me enterra devagar
numa cova quase permanente
de ostracismo e esquecimento
quando acaba esse karma
meu amigo santo?
nem bem sei se sustento
um pranto
ou se engatilho a minha arma
a cabeça dita as regras
mas o corpo desobediente
inventa outras febres
ainda me resta um pouco
de paciência e sono
distrações de um moribundo
que espera o aperto
do gatilho a qualquer segundo.

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